Segundo período de Arquitetura e Urbanismo - Unileste 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Marina Reggiane / João Roberto





Diário

Ser João Roberto não é uma experiência fácil, uma pessoa solitária e introvertida por causas de traumas quando criança, que hoje podemos chamar de bullying.

A primeira experiência de tentar se desligar das pessoas e se tornar solitário naturalmente como João Roberto não deu muito certo, pois em minha casa tenho duas irmãs assim é muito difícil ficar sozinha. A não ser quando se esta no computador, então abri todas minhas redes sociais para ficar como Jhonny Rock mantendo contato somente com pessoas que também estão solitárias na frente do computador. Sem perceber passei o dia todo sentada, sem parar se quer pra comer.

A criação de uma prótese pra me sentir mesmo como João Roberto foi ótima idéia, porém a prótese de João Roberto o óculos o faz enxergar bem, a minha prótese distorce a minha visão,me senti super ridícula com literalmente um óculos fundo de garrafa no rosto.


Essa experiência serviu para entender como João se sentia em uma turma onde somente ele usava óculos, e ainda de aparência estranha.



A adaptação não é tarefa fácil ainda mais se tratando de um óculos que atrapalha a visão.Não conseguir mexer no computador e assistir televisão, quase quebrar um vidro de mel, bater a mão várias vezes em quinas, fizeram parte desse dia.

Mais um dia de João Roberto e uma nova experiência, hoje passei o dia de óculos sem grau, nada bom.. Enxergar perfeitamente e ainda estar de óculos, ainda mais um de armação grossa, não tem como parar de sentir o incomodo, sem contar o fato que as coisas começam a se enquadrar, enxergar como estivesse vendo um porta retrato.Nâo conseguir mexer no computador e assistir televisão, quase quebrar um vidro de mel, bater a mão varias vezes em quinas, fizeram parte desse dia.

A paixão por redes sociais veio com a influência de seu amigo Alfredo, mas esse não é o melhor caminho que João Roberto achou para conseguir uma namorada. Não é fácil encontrar uma pessoa bacana e marcar encontro, em redes de bate-papo.

Quando usei o nome Jhonny uma pessoa somente veio conversar, usando os nomes: João Roberto e Jonny Rock, nenhuma pessoa respondeu mesmo eu chamando para conversar.

Passar dias como um personagem criado por outra pessoa e distribuído aleatoriamente, é uma experiência que no começo é difícil, mas aos poucos a descoberta maior é que apesar de ter sido uma entrega aleatória de textos, a identificação com o personagem vai acontecendo aos poucos.




Passando uma semana como João Roberto, pude entender seu mundo, e as coisas ao seu redor. A família para ele é algo muito importante, por ser desde pequeno muito solitário suas maiores companhias foram os pais e os avos, que por trabalharem nem sempre estavam presente quando algo errado acontecia. Assim foi se tornando uma pessoa individualista que antes de pedir ajuda a alguém tenta mil vezes fazer sozinho, com a ajuda de seu maior companheiro o Google.


Está no quarto período de Engenharia da Computação, seu vestibular foi feito em Campos do Jordão uma cidade fria que João Roberto escolheu porque onde morava com seus pais em Governador Valadares é super quente, o que incomodava ainda mais em dias de super calor que todos iam para clubes e ele não, por não conseguir nadar sem seus óculos, porque sem eles não enxerga um palmo a sua frente.

João Roberto é um verdadeiro nerd, desde pequeno tem o hábito da leitura, adora calculo, coleciona gibis de super heróis, é viciado em jogos de estratégia e adora ficar horas sentado na frente do computador procurando coisas que ainda não sabe na internet. Morando em uma republica somente de meninos onde ninguém sabe cozinhar suas refeições vão variando em opções de fast foods.


Como todo nerd não é um expert em mulheres, e para isso passar despercebido se ‘esconde’ atrás dos estudos, só consegue ser quem é realmente quando conversa com as mulheres por trás dos computadores, onde age espontaneamente com suas idéias sem se achar um careta.


Mundo

De repente um temporal, mas o vicio é tanto que o computador está ligado. João com medo de acabar a energia vai ligar o gerador, o encontro dos fios azul e vermelho e a queda de um raio fez um clarão, e a sala começou a girar. João sentou na cadeira da escrivaninha mas ainda tonto com o clarão, seu corpo foi para frente, foi quando percebeu que algo estranho tinha acontecido, sua cabeça entrou no monitor.. assustado voltou o corpo e sentou corretamente na cadeira, pensou que estava sonhando. Com medo, resolveu ver se era verdade, então colocou o braço e o passou através da tela, levou um susto mas a curiosidade foi tamanha que enfiou todo o seu corpo.


O clarão desapareceu e começou a enxergar um lugar muito diferente de tudo que já tinha visto. Não era noite nem dia, um céu avermelhado com varias setas voando de um lado para o outro. Meio perdido João começou a caminhar quando percebeu que estava sem seus óculos e com a visão perfeita, achou um máximo e começou a se reparar, não estava magrelo nem muito alto, estava tudo como sempre quis. Continuando a caminhada percebeu que estava em um mundo virtual onde poderia viajar quilômetros de distancia em segundos, e ter acesso a tudo que quisesse. parecia um sonho, onde decidiu não sair nunca mais.

João decidiu ficar em um mundo em que tudo acontecia a partir da conexão, por isso nunca deixou de interagir com sua família, pois mesmo preso em um mundo virtual acompanhava a vida de todos pelas redes sociais. Em seu mundinho havia uma enorme árvore, com longos galhos metálicos, que se encostava ao céu, ela era poderosa, e se fosse tocada passava vibrações e energia, assim quando muito cansado João a tocava para relaxar. Quando as conexões carregavam muitos downloads, a árvore produzia bolhas azuis, que caiam lentamente. Então quando João percebia que sua bateria estava com poucos bytes, esperava a bolha descer e estourar em seu corpo, para a sua recarga. Como alguns downloads são infectados às vezes as bolhas desciam com cargas negativas e para a limpeza do corpo recarregado, era preciso passar pela espionagem, um detector em espiral que sugava todas as cargas ruins e as transformavam em energia para manter a árvore viva. Essas energias eram mantidas em forma de bolinhas brancas, na base da árvore, cobertas por uma camada transparente que não as deixavam escapar. Se soltas em massa, essas energias negativas poderiam acabar com o mundo. João tinha o dever de cuidar de toda a área e principalmente da árvore, pois dependia dela para sobreviver. Assim quando ia encostar-se à árvore para
recarregar suas energias passava pelas cargas negativas lentamente, para camada protetora não estourar. Encostando-se à árvore João
relaxava tanto, que era perigoso dormir.

Na camada protetora isso não podia acontecer por que se deitasse, as cargas negativas iam subir e grudar no corpo, e quando João tentasse se levantar a camada poderia estourar, com a força das cargas opostas.


O lugar onde João ficava era retangular, e não se encostava à base espelhada do mundo. Coberta por uma fina camada de folhagem verde, esta área tinha pontos pratas que davam impulsos para sua locomoção, e pontos que o conectavam com a rede virtual. Com uma base espelhada que possibilitava a visão de como tudo funcionava, o mundo de João se tornou perfeito. Vivia em um lugar onde as coisas aconteciam muito diferentes do mundo real, e vivenciava tudo que um nerd como ele sempre sonhou.





















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