Segundo período de Arquitetura e Urbanismo - Unileste 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mariane Oliveira





LÍVIA ALELUIA CAURIM



O INTERIOR DE LÍVIA


Comer batatas não foi uma escolha dela, mas sim uma necessidade pela falta de opção e por ser o alimento mais fácil de ser encontrado e mais barato na região, pois é produzida na cidade natal, então sua infância foi regrada de batatas.

Após perder a mãe aos seis anos de idade, Lívia se viu na pior situação que poderia imaginar viver, seu pai se tornou sua fortaleza, pois nele ela podia se apoiar e sabia que ele a ampararia em todos os seus momentos. Durante sua adolescência as coisas se tornaram muito difíceis com a ausência da mãe e ela sofria com isso, mas não queria que seus irmãos e seu pai percebessem então nos seus períodos de tristeza ela se isolava de todas as pessoas. Esquecer aquele terrível episódio era impossível e a única coisa que ainda podia ser feita era guardar seus pensamentos e sofrimentos dentro de sua mente e não deixar que ninguém descobrisse seu segredo. Ser uma filha amável e feliz não era tarefa difícil na presença de sua família, seus irmãos a alegravam e seu pai era tão cuidadoso e amável com ela e com os meninos que às vezes ela percebia que tinha deixado de pensar em sua mãe por alguns minutos, mais era difícil, porque ela à via nos olhos do pai e a sentia nas risadas dos irmãos. Com o tempo ela percebeu que não conseguia mais fazer sua mente permanecer equilibrada, e decidiu sair a procura de coisas novas que pudessem preencher essa lacuna.

Caminhar no parque era uma atividade da qual fazia tempos que ela não praticava e durante seu percurso sua mente estava completamente ligada entre a infância feliz e a juventude complicada e cheia de encenações, foi quando um grupo de pessoas tirou sua concentração e olhando aquelas pessoas ela se aproximou e tentou se enturmar. Aquele grupo praticava um esporte peculiar e ela teve interesse em experimentar, mas andar na corda bamba não é para todos os tipos de pessoas, tem que ser corajosas e obstinadas, então ela quis tentar. No momento em que ela subiu na corda bamba todas as suas lembranças ressurgiram e ela se viu cara a cara com o seu passado, neste instante percebeu que devia lutar para superar este episódio trágico de sua vida. Ali parada sobre a corda bamba, junto de suas lembranças, vê-se todo o caminho de uma vida inteira, e continuar significaria a superação de todos os seus fantasmas.

Nos primeiros passos a corda estremecia trazendo de volta seus medos, o balançar da corda a fazia recordar os seus momentos de tristeza e alegria e quando ela conseguia se equilibrar se sentia segura para continuar. Chegando ao fim da corda e vendo que se objetivo tinha sido alcançado, uma alegria intensa tomou conta dela. Andar na corda bamba fez com que ela superasse suas expectativas, fez ela se sentir capaz e forte para superar seus medos e suas tristezas. Se equilibrar em coisas materiais pra ela era como transformar suas turbulências sentimentais em calmarias. Tendo em suas mãos o poder de transformar sua vida através de um ato físico, Lívia seguiu se equilibrando, mas não estava satisfeita em somente se equilibrar na corda bamba, ela queria mais desafios. Subia em tudo que pudesse e se equilibrava em tudo, o medo foi deixado pra trás e a felicidade se tornou sua parceira inseparável. Passou a viver na companhia das coisas que a faziam bem e se distanciou de tudo e de todos a fazia relembrar tristezas, sua vida se tornou seu mundo e seu mundo se tornou um paraíso.






O MUNDO DE LÍVIA

VENTURA

Os cabelos longos eram soprados pelo sopro doce que calmamente tocavam seus fios ruivos, estava a conversar com o gigante feliz como fazia todos os dias, sentada confortavelmente no caminho multicor, seu lugar preferido para descansar e observar a paisagem. Os cantores voadores passavam e deixavam para ela sua melodia, quando a ouvia tudo parecia ter mais cor e mais cheiro; cheio de morango com chantilly que era espalhado por todos os cantos por sopro doce, adocicando ainda mais o coração de Lívia. Quando anoitecia surgia na imensidão azul espumas que faziam cair bolhas de si para tirar todo o cansaço obtido por Lívia durante o dia, essas bolhas a deixavam brilhando e com uma deliciosa sensação de leveza. As coloretas passeavam o tempo todo, por aonde ia podia se encontrar com alguma coloretando pelo ar, Lívia às vezes contava quantas ela tinha encontrado enquanto se equilibrava. O caminho era cordas-bambas, não existia chão mais isso não era impedimento para se chegar aonde queria, pois existiam cordas guiando a varias direções.

Em Ventura não se encontrava sentimentos ruins, ali a alegria e o amor perseveravam da mesma forma que perseveravam dentro de Lívia que radiava felicidade, radiação que era transmitida para tudo para todos à sua volta, seu mundo brilhava assim como ela e as cores variadas devia-se à explosão de alegria e amor que se dava dentro de Lívia quando acordava envolvida em sua grama de edredom e olhava todas aquelas cordas à sua espera. Levantava-se rapidamente e saia sem rumo por Ventura, às vezes só, outras na companhia de coloretas que também estavam a passear, andava o dia inteiro e seguia coloretas por diversão ou curiosidade em descobrir algum esconderijo delas e ao entardecer seguia em direção ao caminho multicor, lugar onde não passava um dia sem ir, lá Lívia se sentava e descansava ao conversar com seu querido gigante feliz, sua companhia predileta, e dali só se levantava quando se dava conta de que estava anoitecendo e que devia voltar para dormir. Ao chegar à frente o gramado de edredom Lívia era recepcionada por espumas, em seguida das espumas caiam bolhas para retirar dela todo cansaço do dia, se sentindo leve e limpa se deitava, e envolvida na grama de edredom se findava mais um maravilhoso dia para Lívia.

































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